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07/10/2022

Estruturação de Operações no Mercado de Capitais Internacional

A necessidade de crescimento faz com que líderes e gestores busquem formas de financiar a expansão das suas instituições. É nesse momento que o investimento no mercado de capitais internacional pode ser encarado como uma solução.

Dados da ANBIMA mostram que, no ano de 2018, houve um aumento de 21%, em relação a 2017, no investimento de projetos estruturados de longo prazo, sendo que 25% desse percentual se referente ao financiamento por emissões de dívidas. Nesse processo, a captação de recursos através do mercado de capitais saltou de 11% do total em 2017, para 31% em 2018. Assim, é perceptível que o mercado financeiro é uma importante fonte de financiamento às empresas, e é uma resposta para as companhias que desejam obter recursos de longo prazo com maior facilidade, uma vez que as companhias passam a usufruir de acesso facilitado a recursos, após seu primeiro contato com o mercado de capitais.
Além disso, existe a possibilidade de captação de recursos mais baratos no mercado estrangeiro, uma alternativa ainda pouco utilizada pelas companhias brasileiras, se restringindo em grande parte às empresas listadas.

Entre as diversas opções de captação, uma das principais são as que utilizam de estrutura de cash collateral para alavancagem, onde o diferencial se dá pela demanda de constituição de garantia – que também pode ser composta por ativos negociados tanto em contas nacionais quanto internacionais – para que se possa operar no mercado internacional através de recursos oriundos da alavancagem.

Vantagens de captação de recursos no exterior

Com a taxa Selic em 13,75%, o Brasil figura entre os países com maiores taxas de juros do mundo. Isso faz com que a captação de recursos em economias desenvolvidos, como os Estados Unidos ou Suíça, sejam mais vantajosas do que no Brasil, sendo possível se beneficiar de um eventual diferencial de juros.
A busca por recursos fora do mercado doméstico está sendo movida pelo alto nível de diferença entre as taxas de juros externa e interna. Dessa forma, os gastos operacionais possuem valores mais baixos do que os praticados no Brasil, gerando uma redução nos custos financeiros da companhia.

Além disso, há também o fato de que, no último século, as taxas de juros estão relativamente baixas em locais como Europa e Japão, se comparados ao Brasil. Assim, as possibilidades para a obtenção de capital no exterior são consideravelmente maiores, sobremaneira pelo fato de que o mercado de capitais nacional representa apenas 1% do mercado global, sugerindo outras oportunidades em âmbito externo.

Empréstimos em moeda estrangeira

Ao o escolher a realização de empréstimo na forma da Lei 4.131, outra maneira de captação de recursos no âmbito internacional, a companhia não fica sujeita à restrição de prazo, mas pode depender da aprovação de instituição financeira que mediará a operação de crédito.

Os benefícios dessa prática incluem taxas mais atraentes do que as existentes em âmbito nacional. Além disso, não existe a incidência de IOF em transações desse gênero, caso o prazo seja igual ou superior a 180 dias, além do fato de que este tipo de negociação não é vinculado à importação ou exportação.

Estruturação de garantias

As companhias que desejam se beneficiar com a possibilidade de captação de recursos financeiros no mercado internacional devem estar preparadas para as condições desse tipo de negociação.

Garantias são exigidas pelas instituições financeiras e precisam estar em concordância com a dimensão do crédito solicitado. Essas medidas protetivas são essenciais para as organizações que visam viabilizar os seus projetos com capital estrangeiro. Acompanhe!

Conta de investimentos para captação de recursos externos

Uma forma de conseguir financiamento externo é oferecer como garantia seus investimentos financeiros (cash collateral). Após exame qualitativo das aplicações existentes na carteira do cliente, em que se avalia o grau de risco dos ativos presentes, a instituição autoriza um empréstimo sobre um percentual da carteira, que, via de regra, ficará entre 50% e 80% do valor total dado em garantia.

Nesta modalidade, o banco, na figura de credor na operação, não levando em conta o risco de crédito da companhia, mas sim a qualidade dos ativos que compõe o portfólio de investimentos dado em garantia. Dessa forma, empresas de diversos segmentos e tamanhos podem acessar tal solução através de sua tesouraria, possibilitando a empresa uma rentabilidade adicional do seu caixa. Uma vez que esse recurso em caixa tenha uma gestão capaz de entregar retorno proporcional a taxa CDI, o ganho da tesouraria será proporcional ao diferencial de juro entre a taxa do país tomador e a taxa de juros brasileira.

O importante é entender que essa operação pode não apresentar um custo final, visto que, com a tomada do empréstimo e reinvestimento em uma cesta de produtos gerida ativamente, cresce o potencial de retorno, possibilitando a cobertura do empréstimo realizado e aumentando os resultados do portfólio. A estrutura de custo zero é possível se a carteira utilizada como garantia tiver uma gestão capaz de entregar retorno superior a taxa básica de juros do país de origem, o que, em muitos casos, costuma ser um retorno acessível. No caso das operações realizadas junto a bancos americanos, o portfólio dado em garantia poderá ser formado por ativos de renda fixa (Bonds) com grau de investimento, ou seja, rating entre AAA e AA. Essa classe de ativos possui um índice de alavancagem de 70% a 80% do volume do portfólio.

Essa é uma medida passível de uso por empresas de grande porte, que possuem ativos ou operações no exterior, ou no Brasil, com disponibilidade para uso como garantia em empréstimos. Dessa forma, para que haja êxito no processo, é preciso que o custo do empréstimo seja menor que o retorno dos investimentos dados em garantia e do portfólio investido com o recurso captado.

Uso de Standby Letters of Credit como garantia

Outra maneira de conseguir garantias para a execução de empréstimos em moeda estrangeira é a utilização de Standby Letters of Credit (SBLC). Trata-se de uma salvaguarda oferecida por um banco, que se compromete a cumprir o acordo de empréstimo diante da impossibilidade de pagamento por parte do cliente.

Uma SBLC nada mais é do que uma garantia bancária emitida por um banco brasileiro que visa garantir obrigações de pagamento de uma empresa brasileira junto a empresas no exterior, em grande parte utilizada por empresas em processos de importação e exportação. Na verdade, espera-se que a SBLC não seja utilizada, mas ela evita que os acordos não sejam cumpridos em casos de fechamento da instituição, falência ou impraticabilidade de pagamento pela companhia.

Esse é um recurso amplamente utilizado em transações financeiras internacionais ou em quaisquer outros contratos de grande porte como forma de proteção de pagamento. No entanto, para sua obtenção, alguns requisitos deverão ser seguidos.

Para obter uma Standby Letter, assim como em qualquer outro financiamento, será necessário provar a credibilidade da empresa junto ao banco em que se deseja realizar a operação. Ativos financeiros da empresa podem servir de garantia, favorecendo a obtenção da SBLC.

Além de toda a documentação exigida pela instituição financeira, pode ser exigido o pagamento de uma taxa equivalente a um percentual do valor total da SLOC, cobrada anualmente, enquanto a Standby Letter estiver em vigor. No caso do cumprimento antecipado das obrigações, a SLOC poderá ser cancelada sem que incorra em custos adicionais.

Contas internacionais para a realização de operações

Companhias exportadoras, devido à natureza de suas atividades, frequentemente possuem contas internacionais para aceitar recebíveis ou realizar pagamentos. Além disso, essas empresas utilizam essas contas para captação de recursos com custos menores do que os praticados em território brasileiro.

Dessa maneira, essas instituições ficam expostas aos riscos de variação cambial, que pode afetar positivamente ou negativamente a empresa.

Nesse molde de transação, é possível obter proteção contra a variação do mercado cambial por meio de uma operação de derivativos. Além de prevenir as variações adversas nos preços, operações de derivativos também possibilitam uma gestão de risco mais satisfatória e maior liquidez no mercado físico.

Um dos principais tipos de contrato de derivativos utilizado para mitigar riscos são os Swaps, que são nada mais que realizar uma troca no índice, taxa ou ativo que lastreia a operação. Os valores acordados variam de acordo com a rentabilidade de outros índices, que podem ser a taxa Selic, o IPCA, a taxa de câmbio, entre outros.

O Swap cambial é o utilizado com maior frequência, por permitir que a empresa se resguarde de possíveis riscos oriundos da conversão de moedas estrangeiras. Nessa operação, realizada com uma instituição financeira, ocorre a troca de um índice de câmbio entre duas moedas por uma taxa pré-fixada, por exemplo.

Preparação para operações internacionais

As medidas a serem adotadas para obtenção de crédito no exterior mudam de acordo com o porte e tempo da companhia. No entanto, para qualquer empresa que deseje obter recursos externos, é bom ter as demonstrações financeiras saudáveis, preferencialmente auditadas.

Manter um bom relacionamento com bancos locais, que podem oferecer garantias para credores estrangeiros, além de possuir investidores que assegurem o cumprimento de acordos estabelecidos, é crucial para a captação de recursos no exterior.

A captação de recursos no mercado de capitais internacional é uma excelente forma de impulsionar os projetos da sua companhia. Se for preciso, busque uma assessoria para estabelecer os planos para o crescimento da sua empresa.

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